Por Lau Siqueira
Texto que será publicado no Jornal A União, edição de 27.06.14 - João Pessoa-PB.
No próximo dia 4 de julho o Espaço Cultural da
Paraíba estará reabrindo suas portas. O maior espaço cultural do país e o
segundo maior do mundo retoma o caminho das suas possibilidades. Recebeu o grande
e necessário investimento na sua história de 32 anos. Nunca havia passado por
uma reforma tão substancial. Também não soube preservar-se da ação predatória
do tempo. Já começava a oferecer perigos reais. O comprometimento da rede
elétrica, por exemplo, já poderia ter provocado uma tragédia. Intervir no Espaço
Cultural foi, portanto, um ato de necessária ousadia do Governador Ricardo
Coutinho. Mas, o fato é que a grande e necessária reforma é conceitual e
não física.
Com urgência, por exemplo, devemos resgatar algumas
das suas memórias e sepultar outras. Sobretudo, lá deve ser o espaço de todas
as artes, todas as linguagens, todas as tribos. Um esteio de plena representação
da diversidade cultural paraibana. Um ponto de convergência dos que fazem arte
e produzem cultura. Os que produzem e reproduzem conhecimento. Um lugar assim
não haverá de abrir as portas para a banalidade, para a estupidez. Será objeto
de reflexão permanente um espaço que assume a potencialidade de conjugar os
interesses e a lógica da produção criativa. Claro, com todos os seus problemas,
todas as suas mazelas. Todas as infestações abstratas da humanidade.
Porém estamos aqui apenas no campo das ideias. E sabemos
que nenhuma ideia sobrevive sem que uma experimentação prática seja começada.
Não há mais espaço para uma instituição de cultura que não esteja inserida na
sociedade com o claro objetivo de desenvolvê-la econômica, social, estética e
politicamente. Não haverá uma condução possível das atividades do Espaço, se
não a partir da harmonia entre suas diversas ilhas de conhecimento. Muito menos, sem que por lá as regiões
paraibanas escrevam suas próprias histórias. Seja num Boi de Reis de Poço José
de Moura, um aboio de São José dos Ramos ou a poesia de Manoel Monteiro.
A cultura contemporânea a e a cultura erudita
precisam, finalmente, se mirar de frente. Buscar os diálogos da diversidade do hip-hop
ao coco de roda, da literatura ao Sistema Estadual de Bibliotecas. Algo que
poderá conduzir e semear novos frutos. Todavia,
o momento é de disputa. Por isso mesmo “é preciso estar atento e forte”. O
pensamento precisa ter asas e ser claro para que possa ser visto nesta infinita
noite da midiatização e da padronização dos costumes. Mas, com tantas leituras
do mundo estaremos aptos a escrever uma nova história e permitir que essa
história permaneça sendo escrita. No mais, para os bons entendedores basta a
intensidade e a profundidade do silêncio.
Texto que será publicado no Jornal A União, edição de 27.06.14 - João Pessoa-PB.