Por Lau Siqueira
Cresce cada vez mais no
Brasil e, consequentemente aqui na Paraíba, o número de militantes por uma
política pública de leitura. Na verdade, uma política pública para o livro, a
leitura, a literatura e as bibliotecas. Uma luta mais do que justa, aliás. Precisamos
eliminar o analfabetismo. Todavia, o que mais preocupa é o analfabetismo
funcional que frequenta há muito até mesmo o chamado “ensino superior”. Este se revela como consequência direta da
carência de uma política pública voltada para a formação de leitores. Uma falha
que começa no ensino fundamental e se estende pela vida do estudante. Apesar da
urgência na efetivação de um marco legal
não é um problema que se resolva por decreto. O chamado “povo do livro” no país inteiro convive com alguns conflitos
que precisam ser superados. O principal deles é o corporativismo. O típico
“farinha pouca meu pirão primeiro”. Esse
é o gargalo do momento, pois devemos considerar de forma igualitária todos os
segmentos da cadeia da leitura, ao escritor ao leitor.
O fato é que o “povo do
livro” ainda não se entendeu plenamente sobre os caminhos da leitura. Qual
seria o nosso primeiro passo? Precisamos estabelecer uma estratégia para o
funcionamento das bibliotecas públicas que são, a rigor, o eixo central para
uma política de leitura. Mas, precisamos ainda de tanta coisa. A literatura
contemporânea cumpre um papel determinante nesta configuração. Que o diga o
Programa de Incentivo à Leitura na Escola – PILE, aplicado pela Secretaria de
Educação de Sapé-PB. Este programa avança trabalhando quase que exclusivamente
com autores paraibanos. Sapé cumpre sua
missão de estabelecer uma estratégia e uma prática cotidiana em direção às
políticas de leitura. No entanto, esta não é a regra. Em alguns casos, talvez
na maioria, nos deparamos com uma escandalosa apatia por parte dos gestores,
escritores e professores.
Também as vaidades e os
interesses particulares atrapalham a mobilização. O desconhecimento de um
segmento acerca das necessidades e possibilidades do outro são evidentes. Cada
qual permanece olhando visceralmente para o próprio umbigo. É aí que reside a
maior dificuldade para que uma política pública para a leitura seja
solidificada na Paraíba ou em qualquer parte do Brasil. Os benefícios da
leitura para a qualidade do ensino e consequentemente para a qualidade de vida
da população são inquestionáveis. Questionável é ainda não termos a leitura
como diretriz prioritária nas políticas públicas para a Educação. Esse debate
interessa a sociedade. A Colômbia combate o crack com bibliotecas. Nossa
juventude necessita de bons conteúdos. A leitura e as demais políticas públicas
para a cultura são as melhores saídas para o combate à violência e às
desigualdades.
Texto publicado no Jornal A União.
Texto publicado no Jornal A União.