Por Lau Siqueira
Depois que uma adolescente foi
assassinada por outro adolescente numa sala de aula da Escola Violeta Formiga
em Mandacaru, começou um atabalhoado debate popular sobre a segurança na
escola, a redução da maioridade penal (mais uma vez sob os mantos da emoção),
os culpados subjetivos, a fatalidade do ocorrido, as coincidências históricas,
etc.. Até que a mídia abandone de vez a notícia e que a dor e a indignação
permaneçam apenas com a família da vítima. O certo é que em breve seremos
afogados por nova tragédia pautada nas redações. Afinal, a
"sociedade do espetáculo" vive disso. É assim que tem sido dia após dia.
Pensamos muito pouco sobre as causas e dimensionamos
exageradamente as consequências de fatos como este. Situações semelhantes se diluem no cotidiano e
a verdade é que o machismo mata. Seja na
idade adulta, seja na juventude ou mesmo na infância. Todo mundo sabe disso.
Todavia, nem todo ato de violência contra a mulher vira notícia. Nem todo crime
provoca comoção popular. Cinicamente o machismo tem trânsito livre no discurso
dos mesmos "formadores de opinião" que repercutem esse tipo de
notícia. Da mesma forma que a homofobia e o racismo. Preconceitos que também agridem
o cotidiano de milhões de pessoas e produzem milhares de mortes. Tudo silenciado
pela fome insaciável de audiência.
Em algumas situações a intolerância é apenas
um crime travestido de radicalismo. No
caso da adolescente assassinada é inútil essa tentativa das “autoridades competentes” reparar o que não tem mais conserto. Uma
menina foi assassinada dentro da sala de aula. Ponto. O resto é com a Justiça.
Agora devemos ter atenção para com esta força estranha que leva as pessoas para
a violência. Geralmente motivadas pela banalização da vida. A tristeza pela
morte da menina não pode afetar uma reflexão madura. O fato é que a sociedade brasileira
vive momentos de espantosa intolerância pessoal, política e social.
A vingança e qualquer raciocínio
emocionado não ajudam em nada. Na verdade, atrapalham. Precisamos de lucidez para compreender que fatos
como este continuam alimentando audiências e popularizando a sangria social que
atravessa os séculos. Isso acaba motivando os oportunistas patológicos, os
pulhas carimbados que não perdem a oportunidade de até mesmo partidarizar a
tragédia. Existem formadores de opinião movidos por sentimentos macabros, sem
dúvida. Este caso, por exemplo, extrapolou a página policial revelando até
mesmo o obscurantismo intelectual de
alguns. É triste pensar que certos profissionais da informação se alimentam de
tragédias como esta. Mas, essas questões devem alimentar o debate antes da próxima tragédia.
(Esse texto será publicado amanhã no Jornal A União, na minha coluna semanal. Todas as sextas um novo texto que sempre é armazenado aqui no Blog A Barca)
(Esse texto será publicado amanhã no Jornal A União, na minha coluna semanal. Todas as sextas um novo texto que sempre é armazenado aqui no Blog A Barca)
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