Por Lau Siqueira
Guarabira é uma das mais importantes cidades do interior do Nordeste. É conhecida como a “Rainha do Brejo”. Situada numa das regiões de solo mais fértil do país, é um polo regional relevante em todos os sentidos. Possui localização geográfica estratégica. Fica à cem quilômetros de João Pessoa e pouco menos que isso, de Campina Grande. Cento e oitenta quilômetros de Natal e duzentos e cinquenta de Recife. Integra uma região populosa e com expressões artísticas e culturais reconhecidas nacional e internacionalmente. Possui teatro, museu e outros equipamentos culturais. Mas, vem sendo gerida com as mãos de ferro das oligarquias. Grupos familiares se revezam na prefeitura. Políticos que não dialogam e até desprezam a efervescência natural dos movimentos culturais da cidade.
Guarabira é uma das mais importantes cidades do interior do Nordeste. É conhecida como a “Rainha do Brejo”. Situada numa das regiões de solo mais fértil do país, é um polo regional relevante em todos os sentidos. Possui localização geográfica estratégica. Fica à cem quilômetros de João Pessoa e pouco menos que isso, de Campina Grande. Cento e oitenta quilômetros de Natal e duzentos e cinquenta de Recife. Integra uma região populosa e com expressões artísticas e culturais reconhecidas nacional e internacionalmente. Possui teatro, museu e outros equipamentos culturais. Mas, vem sendo gerida com as mãos de ferro das oligarquias. Grupos familiares se revezam na prefeitura. Políticos que não dialogam e até desprezam a efervescência natural dos movimentos culturais da cidade.
Todavia, os artistas e
produtores locais não se entregam. Nunca baixaram a cabeça diante da hegemonia
conservadora. Se articulam, se movimentam, criam espaços, reinventam-se, reviram
as tradições e dialogam com o futuro. Estabelecem alianças com outras margens da
cidade, do estado e do planeta. Nas relações humanas, na diversidade cultural, no
exercício das liberdades individuais e na convicção de estabelecer uma
trincheira de paz em meio ao caos do nosso tempo. É isso que sustenta a
resistência cultural em Guarabira. Nos últimos anos a Associação de Arte e
Cultura de Guarabira – AACG estimula ações na cidade. Entre elas, um evento muito
interessante realizado em praça pública, o Café com Poeira. Toda sexta-feira
tem hip-hop, ou rock, performances, MPB,
teatro, lançamentos de livros e os inevitáveis debates contemporâneos liberados
na voz de cada um. São os diferentes buscando a igualdade. Algo que precisa ser
visto com olhar sensível e não com condenações apenas revelam preconceito de
classe. São os protagonistas do nosso tempo. Precisam ser reconhecidos e não
condenados por isso.
O Café com Poeira se
destaca. Claro, contra a vontade de alguns. Presta relevante serviço para a sociedade
brejeira. Principalmente diante da morbidez massificada de alguns grandes e
milionários eventos. Desses que zeram os cofres públicos para a cultura local.
Traz semanalmente para a praça a potencialidade criativa e humana das suas
comunidades, da sua intelectualidade. Mostra a cidade como ela é. Sem máscaras.
Com sua beleza sem espelhos nem vaidades. Expõe um certo cosmopolitismo do
abandono. Se discute comportamento com a
maturidade natural da juventude. Exemplo para uma sociedade que permanece calada
diante do extermínio de jovens negros, dos crimes homofóbicos e machistas. Café
com Poeira é uma bunda na janela da mediocridade. Antes de segregar, os poderes
constituídos deveriam acolher e debater as questões que transbordam por ali.
Afinal, a realidade dos bairros não é só boteco farmácia e igreja. O discurso
bem estruturado dos artistas do Hip-Hop de Guarabira, por exemplo, nos mostra o
quanto precisamos conversar. Nossa juventude precisa de políticas públicas e
não de repressão e exclusão.
O Brejo paraibano possui
organizações sociais históricas. Não apenas em termos de estrutura física. Mas,
também quanto aos valores humanos. Mesmo que às vezes exagerem na
informalidade. A verdade é que produzem ações efetivas e legítimas. Na maioria
das vezes, sem apoio e sem reconhecimento algum do poder público e da sociedade.
Café com Poeira é um exemplo do vigor, da energia urbana que se esparrama pela
Paraíba. Traduz com exatidão a força que desloca a periferia para o centro e o
centro para a periferia. Uma força que não se entrega à barbárie proposta pelas
classes dominantes. Resiste e quer ser ouvida e reconhecida dentro e fora dos
complexos institucionais. Desta convivência afetiva, social, cultural e
artística, haverá de nascer uma nova consciência na Rainha do Brejo. Por
exemplo, a consciência que receber artistas de fora é muito bom pra cidade.
Mas, valorizar os de casa é fundamental para que toda a sociedade brejeira construa
uma vida mais harmônica, democrática e progressista. Afora isso, sobra apenas o
fundamentalismo religioso e político que tanto mal tem feito ao mundo e que
tanto cresce por aqui.
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