Quando a
literatura é o ponto de partida
Por Lau Siqueira
O livro “Práticas Leitoras para uma Cibercivilização, Volume II”, publicado pela Editora da Universidade de
Passo Fundo-RS, me seduziu por vários bons motivos. Entre eles a eterna e
saudável provocação para a formação de leitores. Algo que impacta positivamente
qualquer comunidade nos mais diversos sentidos. Por exemplo, no que se refere a
qualidade do ensino. Um tema, aliás, tão debatido quanto carente de atitudes permanentes e multiplicadoras. Poderia citar
ainda a economia da cultura que acaba sendo naturalmente alimentada. A formação
de uma comunidade de leitores fortalece a cadeia produtiva do livro. As editoras
e as livrarias, bem como diversos serviços editoriais se multiplicam gerando trabalho,
renda e qualidade de vida. Ampliar esse debate, certamente, trará bons frutos.
Este livro resulta de uma pesquisa realizada por Tânia M. K. Rösing e
Ana Carolina Martins da Silva no Centro de Referência em Literatura e
Multimeios, também da Universidade Federal de Passo Fundo. Partindo de textos
literários, apresentados com diferentes recursos, a pesquisa enveredou pelo
seguinte tema: “quinhentos anos de
Brasil: memórias que a nossa consciência não escolheu.” A ideia relembra o
pensador francês Roland Barthes. Segundo ele, “a literatura contém muitos
saberes”. Barthes destaca o clássico de Daniel Defoe, “Robinson Cruzoé”. Um romance
de aventuras que aborda a antropologia, a geografia, a história e a sociologia.
Parece que o Centro de Referência em Literatura e Multimeios caminha na mesma direção
ao buscar as interlocuções naturais da
literatura. E certamente tem encontrado muito arco-íris por aí.
A verdade é que o Centro de Referência em Literatura e Multimeios é uma
ferramenta cujo impacto é muito poderoso e pode ser potencializado infinitamente. Por
exemplo, para dialogar com práticas semelhantes espalhadas pelo país.
Recentemente conversando com uma aluna da UEPB, soube da sua busca por
referências na literatura de José Lins do Rego para seus estudos em História da
Paraíba. Não estranhei. Afinal, somente conhece a história do Rio Grande do Sul
quem leu O Tempo e o Vento, de Érico Veríssimo. Verdadeiros laboratórios de
leitura, como o Programa de Incentivo à Leitura na Escola – PILE, desenvolvido em
Sapé-PB, nos fazem acreditar que a qualidade do ensino passa necessariamente
por planejamentos pedagógicos ousados e
criativos. O Centro de Referência em
Literatura e Multimeios da UPF, parece ter vocação para aglutinar as boas
referências fora do Campus da UPF e, até mesmo das fronteiras pampeanas. Como disse
Davida Cooper: “não existe esperança. Existe uma luta. Esta é a nossa
esperança.”
Texto escrito para o Jornal A União da próxima sexta-feira, 21 de março de 2014. Dia Mundial da Poesia.
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