Em tempos de crise o que não
pode faltar é coragem. Parece que esta frase, de certa forma, resume o que está
acontecendo na Rota Cultural Caminhos do Frio 2016. Na verdade, o mais amplo projeto
de divulgação do turismo e da cultura regional da Paraíba. Mesmo que não seja,
ainda, o maior em volume de investimentos. Mas, devemos concordar que num ano
em que diversos eventos semelhantes foram cancelados no Brasil, prevaleceu a
coragem, o bom senso, o companheirismo, a visão de futuro do Fórum de Turismo
do Brejo, das gestões municipais, estaduais, do empresariado da região, da
imprensa, dos artistas e agentes de cultura e turismo. Todo mundo resolveu dar
as mãos. Prevaleceu o colaboracionismo. As vaidades pessoais foram esquecidas. Esta
é uma moeda imprescindível para garantir o futuro do evento. As soluções
brotaram com naturalidade e, em plena crise, a Rota cresceu. Mais dois
municípios foram incluídos e ficou consolidada a natureza regional do projeto.
Ou a região prospera de forma unificada ou cada município terá dificuldades
imensas com o isolamento.
Superada a razão conceitual,
começa a ficar evidente que a aposta na cultura local, nas soluções regionais, na
gastronomia típica, no artesanato, na articulação e confiabilidade foi o grande
passo. Acima de tudo a Rota precisa de identidade e credibilidade. Não pode
cada prefeitura fazer um evento isolado. Precisamos de certa coerência para
formar uma unidade conceitual. A verdade é que existe uma dedicação extrema dos
agentes envolvidos. Um compromisso de quem sabe que está fazendo história ao
apostar no nosso povo, na nossa gente, na capacidade empreendedora e na
inventividade artística da região. Desta forma, Caminhos do Frio estabelece a
estratégia dos pássaros: “o máximo de canto no mínimo de corpo”. As
dificuldades são superadas com criatividade e até com afetividade. Foi bonito,
por exemplo, encontrarmos cartazes acolhedores em Areia. Uma solução simples,
original e acolhedora. A necessária autonomia da Rota, no entanto, parece
apontar para soluções consorciadas que garantam a estrutura mínima e reparta os
resultados.
Sempre acreditamos que o
desenvolvimento cultural e turístico da Paraíba depende de um olhar
regionalizado. Cada região se organizando em torno das suas potencialidades e
superando diferenças em razão do benefício coletivo. Geralmente a prática e o
discurso ficam distantes. Desta vez podemos ter a esperança de apostar numa
aproximação entre as ideias desenvolvidas e a execução. Não queremos dizer que
tudo está perfeito. Falta estruturar melhor a ação, para que as cidades tenham maior
capacidade de receber as atrações e os turistas. Precisamos melhorar a produção
executiva do evento e antecipar a sua organização. Inclusive com a perspectiva
de fazer com que durante todo ano existam ações articuladas que dialoguem com
este período. Mas isso tudo faz parte de um aprendizado. O que importa é que
parece que a Rota está criando seus próprios parâmetros. O Fórum de Turismo do
Brejo está funcionando como o elo necessário para que tudo aconteça da melhor
forma e todos os municípios tirem proveito do modelo de desenvolvimento que
está sendo criado. A nossa aposta é que a boa nova encante outras regiões. A
Rota está provando que as possibilidades de desenvolvimento do turismo cultural no Estado não se
esgotam em Campina Grande e João Pessoa.
Lau
Siqueira
2 comentários:
Uma importante lição que podemos tirar do sucesso desse evento, que já dura 11 anos é que um Fórum com a participação ativa da sociedade civil organizada ultrapassa a barreira das "descontinuidades e crises políticas"...
Essa é uma característica fundamental, Nazareno. A autonomia da sociedade civil e a habilidade da direção do Fórum.
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