domingo, 15 de julho de 2018

MEMÓRIAS DE UMA VIDA SEM PLUMAS


Quando tinha 17 anos consegui um emprego. Garotão ainda. Muito ingênuo, mas também muito educado. Já trabalhava há uns dois ou três anos, mas pela primeira vez assinava carteira. Meu sonho era trabalhar num posto de gasolina. Mas, topei ser porteiro de um prédio. Trabalhei no Edifício Barcellos, em Porto Alegre. Feliz com meu salário mínimo. Na época, acho que uns 30 dólares. Foi um dos períodos mais produtivos na minha vida de leitor. Eu lia muito e ganhei a simpatia dos intelectuais do prédio. Alguns inesquecíveis como Adoar Abech, jornalista e pessoa generosa. Ganhei muitos livros e era convidado para jantar com os moradores. Lembro da elegância e da simpatia da Dona Leonor. Descobri que Zilmar, o zelador, era meu primo de segundo grau. Descobri que o filho do dono do prédio era piloto da Varig. Lá morava o jornalista da Zero Hora, Timóteo Lopes que tempos depois desconfiei ser o mesmo Tim Lopes da Globo. Timóteo adorava as aventuras do jornalismo policial. Aqui e ali estava em meio a um tiroteio. No dia seguinte me contava a aventura. Isso foi em 1975. O prédio existe ainda, fica na Rua Senhor dos Passos, em frente à Escola de Belas Artes.
E eu também ainda existo. Estou aqui, contando...

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