quarta-feira, 2 de abril de 2014

UMA CANÇÃO PARA PÁDUA BELMONT

Por Lau Siqueira


Militante das melhores causas da cultura pessoense, Pádua Belmont faz parte da geração que traçou o próprio futuro pelas ruas de João Pessoa. Seja nas atividades do Musiclube da Paraíba, no lendário projeto Fala Bairros ou nos demais movimentos de cultura independente da terra do Coletivo Mundo. Sua luta vem de longe. Dos tempos em que o Fundo Municipal de Cultura era  Lei Viva Cultura - uma conquista do Movimento Cultural da Paraíba através de um projeto de lei do então vereador pela capital, Ricardo Coutinho. Desde muito tempo Pádua está presente na vida cultural da cidade. Seja como artista ou como funcionário público, desempenhando com esmero suas funções na Fundação Espaço Cultural José Lins do Rego – FUNESC.
Um guerreiro da vida e da cultura. Não poderia, pois, ter outra postura ao enfrentar uma das mais devastadoras doenças de toda a história da medicina. O confronto com o câncer, com suas dores indescritíveis e as implacáveis necessidades do tratamento quimioterápico, fizeram de Pádua um reinventor da vida. No enfrentamento da doença agarrou-se na maior de todas as forças: suas crenças divinas e o sentido da sua vida inteira: a música. Todavia, ele foi mais longe nesse enfrentamento. Despiu as fantasias e se vestiu de coragem. Resolveu expor em livro uma guerrilha íntima que, certamente, o tornará uma das maiores referências brasileiras no combate ao câncer. Pádua é um símbolo da energia humana e da vida.
Sem mágoa alguma. Com arte, com doçura e amor, o artista vai cumprindo sua resistência. Se tornando uma trincheira de afeto em saudação ao tempo. Em cada minuto que passa, em cada lua que espalha seus vitrais pelo céu noturno, em cada sol que colore de vida cada manhã. Certamente jamais haverá uma medida para classificar tamanha dignidade. É tanta força divina e tanta esperança no olhar do artista! Na emoção trêmula de cada palavra, Pádua traduziu com sobras de talento e verdade um texto que é um documento para a humanidade. Um extrato de tudo que germina na alma humana quando a vida prevalece acima de tudo. Ele sabe que a vida é maior que qualquer sofrimento. Dia 30 de abril,  estará lançando seu livro “O limites da dor do ser”, às 19h na Usina Cultural Energisa, em João Pessoa. É o momento que ele escolheu para reunir os amigos e celebrar o futuro. Pádua Belmont nos dá um recado muito direto. Ele diz com todas as letras que estamos enganados quando não nos saciamos com nossas perdas preciosas. Ele nos fala claramente que a vida é um aprendizado permanente e que a nossa verdade maior é o tamanho da nossa fragilidade. E dentro desta cápsula que é o planeta Terra, somos todos tão minúsculos que a imensidão se torna invisível.


O texto acima estará publicado no Jornal A União do dia 04.04.14, João Pessoa-PB.

Nenhum comentário:

NOVO É O ANO, MAS O TEMPO É ANTIGO

Não há o que dizer sobre o ano que chega. Tem fogos no reveillon. A maioria estará de branco. Eu nem vou ver os fogos e nem estarei de b...