por Lau Siqueira
Segundo Proust, as melhores
lembranças da infância são as imagens dos livros que lemos quando crianças. A Biblioteca de Nazarezinho é uma nau de aventuras. Um lugar de grandes encontros. Seja
com Thomas Man, Drummond, Ruth Rocha,
Luiz Augusto Crispim, Medeiros Braga ou outros tantos autores que lá aguardam a
chegada voraz dos leitores e das leitoras. Íris é uma pessoa iluminada que
constrói muitas pontes. Seja entre a população (especialmente as crianças) e a
Biblioteca, seja entre a Biblioteca e o Centro Cultural BNB, o Fórum de Cultura do Alto Sertão, ou o
Sistema Estadual e Nacional de Bibliotecas. Uma guerreira que entrega sua vida
a uma missão das mais nobres: formar cidadãos conscientes, leitores dos livros
e do mundo.
Texto que será publicado na próxima sexta-feira, na minha coluna do Jornal A União.
Num único dia é possível perceber contrastes
abismais num mesmo estado, numa mesma cidade, num mesmo país. Recentemente
estive em duas cidades diferentes no mesmo dia. Numa delas, conheci uma
biblioteca com um bom acervo. Apesar dos poucos recursos financeiros,
administrada com muita disposição e criatividade. Na segunda cidade, enquanto
jovens realizavam leitura de poemas na praça central, observei que a biblioteca
que ficava em frente havia se transformado em banheiro público. As duas cidades
são praticamente do mesmo porte e estão localizadas no Sertão da Paraíba. Não
vou citar a segunda cidade porque cidades que não incentivam a leitura não
merecem ser lembradas. Mas, primeira se chama Nazarezinho. Uma terra de
violeiros, cantadores, cordelistas, contadores de história e mantém uma Biblioteca Pública Municipal atendendo
mais de oitenta crianças diariamente.
Logicamente que a situação da Biblioteca de
Nazarezinho não é fácil. Todavia é mantida de portas abertas para o mundo pela
Professora Íris Mendes Medeiros, hoje
aposentada. Uma pessoa que, por já ter trabalhado em sala de aula, reconhece o
valor dos livros e da leitura para a formação intelectual e cidadã da
juventude. Praticamente sem recursos, mas com sobras imensas de criatividade e
dedicação, Íris planejou toda a ambientação do espaço para que a criança, muito
especialmente, se sinta acolhida. Todo o ambiente foi pensado para a sedução da
leitura. O acesso ao livro é facilitado com estruturas recicladas, com uma criatividade
que praticamente anula os custos. Um investimento mínimo da Prefeitura de
Nazarezinho para uma política pública estruturante com um impacto certeiro na
qualidade do ensino. Uma ação que
necessita de mais recursos financeiros e humanos, mas jamais começaria sem um
primeiro passo. Sem que alguém tivesse a ousadia de colocar o guizo no pescoço
do gato. Em Nazarezinho essa pessoa se chama Íris.
Texto que será publicado na próxima sexta-feira, na minha coluna do Jornal A União.
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