por Lau Siqueira
Itabaiana é um reconhecido celeiro de grandes
artistas. Terra natal de Sivuca, um dos grandes mestres da cultura brasileira.
Músico conhecido e respeitado internacionalmente. Infelizmente um tanto esquecido
no seu Estado. Aqui sua memória virou propriedade privada. Também é a terra que
o poeta Jessier Quirino escolheu para inspirar suas invenções matutas. Fazem
parte desta história, nomes emblemáticos como Artur Fumaça. É de Itabaiana um
dos maiores ícones da Poesia Popular Brasileira, o grande poeta Zé da Luz. Na
atual cena cultural paraibana, destacamos Adeildo Vieira, cantor e compositor
dos mais talentosos. Também é de Itabaiana um dos grandes poetas contemporâneos
deste País, André Ricardo Aguiar. Não
são poucos os artistas que transitam ou transitaram na cidade. Todavia, o
motivo deste artigo é um pequeno e
grandioso núcleo itabaianense de guerrilha cultural: o Ponto de Cultura Cantiga
de Ninar que abriga, por exemplo, a única biblioteca da cidade. Uma instituição
que sobrevive “na tóra”, como se diz. Seja a partir de doações esporádicas, ou projetos
ancorados em ações voluntárias. Fábio
Mozart é o grande articulador e o grande timoneiro deste sonho coletivo.
No Orçamento Democrático Estadual do ano passado a
região de Itabaiana elegeu a cultura entre as suas três prioridades. Um recado
aos que fazem cultura no Estado. A Paraíba não é só litoral. Uma sinalização do
que bate e pulsa nos corações e mentes da região. Além das prioridades básicas
de qualquer ser humano, de qualquer comunidade, eles gritam: “a gente não quer
só comida!” Este foi o recado da produção cultural de uma região de forte vocação criativa. Em Pedras de Fogo, por
exemplo, o Maracatu Rural nos mostra que as fronteiras geográficas não são as
mesmas fronteiras culturais. Os Caboclos de Lança também estão na Paraíba, como
leões de fronteira.
Nesse contexto - e num prédio antigo que já abrigou
uma das escolas em que José Lins do Rego estudou - existe um coletivo de
pessoas cuja humanidade brilha no olhar. Um espaço onde crianças e adolescentes
são acolhidos com amor e com arte. O Ponto de Cultura Cantiga de Ninar é um
abraço fraterno e uma mão estendida conduzindo o futuro. Um elo de cidadania e
arte que acende as esperanças dos que sabem a força de cada passo, de cada gesto.
Certamente que as dificuldades são muitas. Não é fácil produzir cultura em
lugar nenhum do mundo. No Nordeste não é diferente. Mas, aliar esta produção
com cidadania é um desafio ainda maior. E é assim que caminha o Ponto de
Cultura Cantiga de Ninar. Buscando a construção de políticas públicas
transformadoras e apontando alternativas para melhorar as cidades, o estado, o
país e
o mundo.
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