quarta-feira, 5 de março de 2008

Como na Idade Média

A qualidade da produção literária paraibana não é novidade. Também não é novidade a boa relação que a maioria dos escritores mantêm entre si. Há uns três anos, encontrei alguns deles num Café do Shopping Sul. Pensei se tratar de um encontro casual de amigos no agradável bairro do Bancários. Comunidade conhecida, aliás, por abrigar boa parte dos artistas, escritores e produtores culturais da capital da Paraíba.
Ledo e Ivo engano. Tratava-se da segunda reunião do que viria a ser o Clube do Conto da Paraíba. Testemunhei, pois, o nascedouro do que hoje transborda nesta edição da coletânea “Histórias de Sábado”. Um pouco oficina literária, um pouco de mesa de debates, um pouco roda de amigos, um tanto de coisas feitas, idéias construídas... Convergência de criaturas cujo prazer maior naqueles momentos partilhados é a artesania, a alquimia e sobretudo, a discussão sobre as suas produções semanais.
Os integrantes do Clube do Conto da Paraíba, desde a sua criação até a edição deste volume reúnem-se semanalmente para propor temas, expor a produção da semana anterior e apontar seus olhares críticos. Ninguém sai ileso. Ninguém poupa ninguém. São agudas as críticas. Ainda que o grupo seja bastante heterogêneo. Afinal, como escreveu Schopenhauer, “devemos descobrir os erros estilísticos nos escritos dos outros para evitar nos nossos”..
De escritores já com os pés e as mãos no mercado editorial brasileiro (e até internacional, como é o caso de Valéria) a estudantes. Pouco importa. Neste Clube, o ingresso é o amor à palavra. Este é o sentimento que prevalece na composição efetiva e afetiva de uma entidade anárquica, sem chefia mas com direção. Quem dirige o Clube do Conto da Paraíba, é o compromisso com a boa literatura. Pelo que testemunhamos nesta edição, uma Literatura maiúscula.
E tudo começou assim, como na Idade Média, quando os povos se reuniam ao redor do fogo. Também como faziam os hippyes e os índios, na canção de Rita Lee. A produção aqui reunida borbulha no espelho d’água de um caldeirão de motivos para ancorar nossos mais sinceros sorrisos. Sejamos, pois, razão e conseqüência desta chama! Porque como dizia Roland Barthes, “a Literatura contém muitos saberes.”

(Os textos neste blog, não terão ordem qualquer. Este, por exemplo, é o texto de apresentação da coletânea Histórias de Sábado, do Clube do Conto da Paraíba)

3 comentários:

i disse...

Novo blog, boa notícia. Adorável, esse clube do conto. É pena que não vivo na Paraíba!

alana disse...

Conheço alguns participantes do Clube do Conto e já li algumas das atas das reuniões - ou melhor, contos produzidos nelas, sempre interessantes e inventivos. A idéia é uma bela amostra de como podem fazer diferença disposição e amor à literatura.
Outra é este novo blog seu, Lau - adorei a prosa.:)

Joana Belarmino disse...

Gostei. Tá bem o espírito e a cara do Clube!

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