Por Lau Siqueira
A jornalista paraibana Rachel Sherazade, apresentadora do SBT, vem despertando paixão e repulsa. Não que isso pareça incomodá-la. Absolutamente. No gênero Bolsonaro News, ela é top-midia e parece realizada. Não está onde está gratuitamente. Sua credencial é o que defende e o que difunde. Serve a uma corrente ideológica muito bem definida. Representa as maquiagens de uma tribo ressentida e amargurada com a persistência democrática. Afinal, o Brasil elegeu um operário presidente e depois uma ex-prisioneira política. Não que isso tenha transformado profundamente a cultura dominante. Se assim fosse, estaríamos punindo os barões do crime muito antes de acorrentar adolescentes negros e pobres, acusados de pequenos furtos. Mas, a elite nunca engoliu isso.
Este artigo estará no Jornal A União, João Pessoa-PB, amanhã, 28 de fevereiro de 2014.
A jornalista paraibana Rachel Sherazade, apresentadora do SBT, vem despertando paixão e repulsa. Não que isso pareça incomodá-la. Absolutamente. No gênero Bolsonaro News, ela é top-midia e parece realizada. Não está onde está gratuitamente. Sua credencial é o que defende e o que difunde. Serve a uma corrente ideológica muito bem definida. Representa as maquiagens de uma tribo ressentida e amargurada com a persistência democrática. Afinal, o Brasil elegeu um operário presidente e depois uma ex-prisioneira política. Não que isso tenha transformado profundamente a cultura dominante. Se assim fosse, estaríamos punindo os barões do crime muito antes de acorrentar adolescentes negros e pobres, acusados de pequenos furtos. Mas, a elite nunca engoliu isso.
Em 2014 teremos eleição. A violência será pautada
com o cinismo de sempre. Pouco se falará do assassinato de mulheres. Menos ainda,
da violência cotidiana dos machos em alguns lares. A banalização midiática encobrirá
a erotização da infância e a pedofilia. Os debates não pautarão os assassinatos por homofobia ou
racismo. Pouco se falará do extermínio de jovens negros nas periferias. A
direita clássica irá se reportar ao adolescente pobre que rouba o celular, o
tablet ou a bolsa da classe média. Não vamos nos iludir. Em 2014, mais uma vez,
a verdade terá morte súbita. As ideias sobre Educação e Saúde públicas, salvo
as exceções, serão velhos engodos. Fatos corriqueiros nas grandes cidades serão
pinçados e mais uma vez a redução da maioridade penal revelará o rosto e o
discurso de uma direita que odeia e combate a diversidade humana.
Os candidatos conservadores deveriam topar os inúmeros
debates convocados pelos movimentos sociais.
Deveriam realmente nos convencer que o problema da violência é tão banal
que basta criminalizar a infância e tudo se resolverá. Todavia, duvido muito. Não resistiriam uma discussão mais densa. Por
isso, insistem na mentira, ancorados na manipulação da opinião pública.
Principalmente porque uma coisa é certa: a punição sequencial da maioria pobre
e negra não é problema. Mas, os
delinquentes de classe média continuam brindando em ‘habeas-cópus’.
É a impunidade como forma de dominação que
precisa ser debatida. Punir quem já é punido desde o nascimento é fácil. Outro
dia ouvi a poeta e filósofa Viviane Mosé dizer que atualmente, em nosso país, basta
alguém levantar a mão e dizer algo em nome da verdade e já consegue adeptos. É
a Síndrome de Sherazade! Estamos à beira do fascismo. Quem não for contido pela
reflexão, será engolido pelo obscurantismo. Pensar nunca pesou no bolso. Mas,
pode fazer estragos na consciência.
Este artigo estará no Jornal A União, João Pessoa-PB, amanhã, 28 de fevereiro de 2014.