quarta-feira, 14 de maio de 2014

ITABAIANA É O CANAL

por Lau Siqueira

Itabaiana é um reconhecido celeiro de grandes artistas. Terra natal de Sivuca, um dos grandes mestres da cultura brasileira. Músico conhecido e respeitado internacionalmente. Infelizmente um tanto esquecido no seu Estado. Aqui sua memória virou propriedade privada. Também é a terra que o poeta Jessier Quirino escolheu para inspirar suas invenções matutas. Fazem parte desta história, nomes emblemáticos como Artur Fumaça. É de Itabaiana um dos maiores ícones da Poesia Popular Brasileira, o grande poeta Zé da Luz. Na atual cena cultural paraibana, destacamos Adeildo Vieira, cantor e compositor dos mais talentosos. Também é de Itabaiana um dos grandes poetas contemporâneos deste País, André Ricardo Aguiar.  Não são poucos os artistas que transitam ou transitaram na cidade. Todavia, o motivo  deste artigo é um pequeno e grandioso núcleo itabaianense de guerrilha cultural: o Ponto de Cultura Cantiga de Ninar que abriga, por exemplo, a única biblioteca da cidade. Uma instituição que sobrevive “na tóra”, como se diz. Seja a partir de doações esporádicas, ou projetos ancorados em ações voluntárias.  Fábio Mozart é o grande articulador e o grande timoneiro deste sonho coletivo.


No Orçamento Democrático Estadual do ano passado a região de Itabaiana elegeu a cultura entre as suas três prioridades. Um recado aos que fazem cultura no Estado. A Paraíba não é só litoral. Uma sinalização do que bate e pulsa nos corações e mentes da região. Além das prioridades básicas de qualquer ser humano, de qualquer comunidade, eles gritam: “a gente não quer só comida!” Este foi o recado da produção cultural de uma região de forte  vocação criativa. Em Pedras de Fogo, por exemplo, o Maracatu Rural nos mostra que as fronteiras geográficas não são as mesmas fronteiras culturais. Os Caboclos de Lança também estão na Paraíba, como leões de fronteira.


Nesse contexto - e num prédio antigo que já abrigou uma das escolas em que José Lins do Rego estudou - existe um coletivo de pessoas cuja humanidade brilha no olhar. Um espaço onde crianças e adolescentes são acolhidos com amor e com arte. O Ponto de Cultura Cantiga de Ninar é um abraço fraterno e uma mão estendida conduzindo o futuro. Um elo de cidadania e arte que acende as esperanças dos que sabem a força de cada passo, de cada gesto. Certamente que as dificuldades são muitas. Não é fácil produzir cultura em lugar nenhum do mundo. No Nordeste não é diferente. Mas, aliar esta produção com cidadania é um desafio ainda maior. E é assim que caminha o Ponto de Cultura Cantiga de Ninar. Buscando a construção de políticas públicas transformadoras e apontando alternativas para melhorar as cidades, o estado, o país e 

o mundo. 

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