Por Lau Siqueira
A luta dos movimentos
sociais por uma escola pública de qualidade vem de longe. Aconteceram e
acontecem avanços que não podem ser desprezados. Mas, no geral, ainda permanece
um escandaloso débito para com o povo brasileiro. A verdade é que um dos
maiores estragos que a ditadura militar fez em nosso país foi exatamente na Educação.
Os milicos tinham medo de uma sociedade pensante, alerta, consciente dos seus
direitos. Isso, para eles, representava o risco do comunismo. Uma bobagem sem
precedentes. Colocaram a Educação no pau-de-arara. Apostaram na falência da
educação pública e no fortalecimento da rede privada. Depois dos milicos
tivemos ainda Sarney, Collor, Itamar e FHC. Ou seja: a ditadura fez o sucessor,
ancorada no “medo de ser feliz”. Na era Lula e depois, com Dilma, a Educação
não deu o salto esperado. Aqui e ali presenciamos avanços pontuais. Mas não sentimos
os efeitos de uma política nacional.
O fato é que não se
pode sobrecarregar a rede pública. O atendimento aos mais pobres deve ser
prioridade em tudo. As escolas da rede privada não se responsabilizam por absolutamente
nada além de ensinar. Algumas, ainda assim, precariamente. Mas, devemos compreender que a qualidade do
ensino público depende de muitos fatores externos. Coisas que ocorrem e devem
ocorrer fora da sala de aula. Por exemplo, em relação à política habitacional,
assistência social, cultura, saúde e de segurança alimentar. É bem complexo,
mas não temos dúvidas: tudo isso tem uma relação direta com a formação da nossa
juventude. A escola não pode mais ser o lugar onde a criança vai apenas para
cumprir as condicionalidades do Bolsa Família.
A escola é o lugar da
aprendizagem e deve ser preparada para isso. E mais: as estratégias pedagógicas
devem fazer com que essa aventura do saber se torne sedutora para a juventude.
Vejo com alegria algumas escolas seguindo esse caminho. Tal como a Escola Estadual
Auzani Lacerda, em Patos, ou a Escola Estadual Gentil Lins, em Sapé, onde
certamente o fator humano faz a diferença. Experiências como a que está em
curso em algumas regiões fazem a diferença. Mas, ainda é muito pouco. A coragem
da Secretária de Educação do Estado, Márcia Lucena, ao desmantelar os códigos
eleitorais de escolas que serviam para mero cabide de emprego foi fundamental.
Temos visto escolas sendo renovadas não apenas fisicamente. Há um investimento
e uma visível opção pela qualidade. Mas, ainda faltam os demais atores cumprirem
os seus papéis. A carga não pode ser colocada apenas nas costas dos
professores, apesar da injustificada apatia de alguns. É tempo de ampliar esse
debate. Não podemos permitir que a mentira supere a verdade, como no caso do “fechamento
das 300 escolas”.
O texto acima será publicado no Jornal A União do dia 22 de agosto de 2014.
O texto acima será publicado no Jornal A União do dia 22 de agosto de 2014.
Um comentário:
Ótima avaliação. Parabéns, trabalho excelente, vale salientar que os atores socias que compoem o corpo docente, ontem estavam sentados como alunos nestas mesmas escolas, e que muitas vezes tentam dar o melhor de si , sendo estagnados por falta de estrutura mínima para por em prática o que pensam de melhor para o alunado.
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