Por Lau Siqueira
Semana passada o Cine São
José, em Campina Grande, retomou seu tempo de glórias. Foi ampliado e
modernizado. É verdade que ainda não chegaram os equipamentos e mobiliários. Entretanto,
depois de 30 anos de abandono e algumas “ordens de serviço” não cumpridas,
finalmente a população de Campina Grande viu uma luz no fim de tudo. A
restauração do Cine São José foi uma decisão de governo. Mas, não apenas isso. É,
também, fruto de uma luta. Uma batalha de muitos braços, mentes e corações. Não
há qualquer heroísmo personalista nessa conquista coletiva. Foram muitos heróis
e heroínas. O povo do audiovisual, teatro, música, cultura popular, dança,
artes visuais, hip-hop... Enfim, foi uma
representação imensa que desbravou os escombros e desafiou o abandono. Agora o sentimento
coletivo, finalmente, tomou posse do novo centro cultural da Borborema. Com um
Conselho Consultivo eleito democraticamente, o Cine abre suas portas numa
lógica mais acolhedora aos artistas e ao público.
Fundado em 1945 o Cine São
José foi palco de muitas jornadas, até fechar suas portas em 1983. Grandes
artistas passaram por lá. Existe uma memória amorosa da cidade e principalmente
do bairro São José para com o Cine. Bastou o equipamento ser inaugurado pelo
Governo do Estado e já apareceram seus antigos frequentadores. Pessoas com
cópias em DVD dos filmes que lá assistiram. Moradores do bairro que entram e se
emocionam. Eles sabem o que representa a restauração de um prédio que já tinha
sido dado como perdido por muitos. O que foi revitalizado, na verdade, foi a
história. Todos sabem que se trata de um equipamento público e não uma propriedade
de governo ou de grupos. Este é o sentimento majoritário neste momento.
Havia uma expectativa enorme.
Especialmente no movimento audiovisual da cidade. Afinal, a Rainha da Borborema
carece de espaços para exibições da sua bela produção. Mas, a história nos
mostra que aquele espaço sempre foi um palco para muitas artes. Lá aconteciam
shows e espetáculos. Não cabe, pois, qualquer disputa mesquinha. O Cine São
José é um espaço de convergência. Da mesma forma que o cinema faz convergir
praticamente todas as linguagens para se configurar na Sétima Arte. O quinhão
do audiovisual está assegurado da mesma forma que a gestão democrática do
espaço será garantida para todas as linguagens. É tempo de ir em frente. Em
breve teremos mais uma edição do “Cine Cultura”. A programação prosseguirá
abrindo as cortinas para quem faz arte erudita,
popular ou para a cena alternativa.
Pelo que vimos na abertura, a partir de agora a população de Campina começa a
sonhar com novos caminhos nas políticas culturais da cidade.
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