quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

CENSURA NUNCA MAIS


Vivemos tempos estranhos. Chico Buarque disse que quando vai caminhar escuta coisas tipo, “vai pra Cuba”, “veado”... Não é pouca a quantidade de pessoas que vê o mundo pelas janelas da histeria achando que isso é ideológico. Vivemos uma penúria ética sem precedentes. Soube que o cantor e compositor paraibano Chico Limeira foi abordado de forma ameaçadora por uma pessoa bem conhecida do cenário cultural da Paraíba. Aliás, uma pessoa com certa idade e que deve ser respeitado por isso. Mas, inaceitável que se ache no direito de abordar um artista no seu local de trabalho (Chico iria tocar) com ameaças, com batidas de mão na mesa, para que ele retire uma palavra da sua canção. Aliás, desde que recebeu o prêmio Chico Limeira vem sendo covardemente atacado de forma explícita ou implícita.
Este senhor, acompanhado de outros, disse que irá solicitar o “cancelamento da premiação”. Eterno bajulador dos poderosos citou os três poderes: Legislativo, Judiciário e Executivo para sustentar sua ameaça. Não sei a quem ele vai solicitar, mas já adianto que a Secretaria de Estado da Cultura da Paraíba não irá acolher solicitações desse tipo. Não vamos aceitar a censura como argumento de ninguém. Chico venceu o festival com legitimidade. Todo o júri era de fora. Outras músicas de igual qualidade poderiam ter vencido, já disse mil vezes. O argumento para cancelar a premiação, poderia estar justificado em alguma irregularidade. No entanto o autor das ameaças, tenta se justificar pelo autoritarismo e pelo obscurantismo. Ainda que alguns tentem colocar panos quentes, o que está posto é de extrema gravidade e merece todo o nosso repúdio.
Na verdade, estou curioso para saber quem são as vinte entidades culturais citadas que apoiarão a insensatez prometida. Será que esses agentes culturais desejam mesmo inscrever seus nomes na história da censura do século XXI? A música de Chico Limeira faz uma crítica aos nomes dos logradouros públicos. A criação artística é uma propriedade intelectual do artista. Os acusadores se apegam ao termo “trapaceiro” para tentar justificar o injustificável. Às vezes penso que algumas personalidades ainda permanecem nos anos 30, semeando o ódio e a truculência daqueles tempos. São fantasmas do autoritarismo rondando a escassa teia democrática construída. Alguns se julgam acima do bem e do mal. Não aceitam novidades porque vivem no passado. O passado deve ser repassado como matéria de conhecimento. Inclusive a história dos oprimidos, sempre desprezada pela historiografia oficial.
Vamos resistir!

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