Calma,
gente. Não teremos nenhuma agressão ao meio ambiente. Não se trata de um
empreendimento invasivo que traga constrangimento ou agressão aos valores
culturais do sertão. Muito pelo contrário. Se trata de uma movimentação da
cultura tradicional da região em harmonia com outras manifestações das
diferentes regiões do Brasil e de países da América Latina. Uma ação muito bem
articulada regionalmente pela Pisada do Sertão – uma instituição que cuida da
proteção de crianças e jovens na cidade de Poço José de Moura. Uma ação
estruturada na capacidade e na necessidade de constituir boas parcerias.
A Rota do
Sol nasceu de uma grande vontade coletiva, como todas as outras rotas culturais
que acontecem principalmente no Brejo. Numa viagem à Uiraúna em 2016 para
discutir a Rota Cultural da Coluna Prestes, senti que um grupo ficou um tanto
deslocado por estar fora daquele roteiro cultural e histórico. Afinal, a Coluna
Prestes passou por vários municípios sertanejos, mas não por todos. Entrou em
Uiraúna, no Distrito de Aparecida e saiu lá pela região de Princesa Isabel. Por
ironia do destino a Rota da Coluna Prestes não se consolidou. No entanto ali
estava começando a história da Rota do Sol. Uma ação cultural desenvolvida numa
das piores crises econômicas já enfrentada nos últimos anos. Nesses momentos, a
cultura sofre muito, pois está entre os setores essenciais, mas não
prioritários em qualquer administração pública.
Entretanto,
o poder de articulação das prefeituras de Triunfo, Bernardino Batista, Poço
José de Moura, Joca Claudino e Uiraúna, em torno de um eixo organizacional
criado pela Pisada do Sertão, nos levou a realizar em 2017 a primeira edição da
Rota do Sol. O sucesso foi reconhecido pelas prefeituras, pelo público e grupos
culturais. As trocas realizadas entre grupos da Paraíba com a cultura de Santa
Catarina, Pará, Argentina, consolidou a Rota do Sol já no primeiro ano. A
movimentação, inclusive da economia local, era visível em todos os sentidos. A Rota
do Sol recebeu muita gente e encantou pelo profissionalismo dos organizadores.
Portanto, era sim possível uma rota cultural no sertão, com autonomia e
profissionalismo. Tudo funcionou com perfeição.
As trocas
realizadas entre os brincantes, artistas de diversas regiões, não tem preço.
Para o ano de 2018, um ano eleitoral e portanto um ano difícil de manter a
unidade diante das diferenças políticas, a Pisada do Sertão deu mais uma
demonstração de capacidade técnica na produção do evento. Sabemos como é raro
conquistar recursos pela Lei Rouanet nos rincões brasileiros. Mas no segundo
ano as grandes novidades eram exatamente a ampliação da Rota, com a cidade de
Cajazeiras estreando. As primeiras captações de recursos via Lei Rouanet deram
fôlego para este que já é considerado o maior evento do sertão da Paraíba. A
convicção e o entusiasmo de todos os órgãos envolvidos, o profissionalismo e a
aura de política pública garantiram o futuro da Rota do Sol.
A Paraíba
assegurou presença na agenda anual da IOV – Seção Brasil, Organização
Internacional de Folclore e Artes Populares, garantindo o intercâmbio artístico
com diferentes regiões e países. No mais, a Rota deu visibilidade para
municípios pequenos, mas com grande potencialidade. Beneficiou todas as cidades
na mesma proporção, independentemente da sua área geográfica ou população. Não
interferiu em nenhum calendário local, criando novas perspectivas para os municípios.
Abriram-se possibilidades de tornar públicas as ações das próprias prefeituras,
seja na área da cultura, educação ou ação social. Desta forma, acreditamos que
o futuro da Rota do Sol ainda vai iluminar muito os caminhos de uma região
sofrida que tem como grande riqueza um povo generoso, talentoso e criativo.
Lau Siqueira
Lau Siqueira
Nenhum comentário:
Postar um comentário