por Lau Siqueira
Numa antiga unidade da SUCAM que até o dia da chacina abrigava famílias sem
teto coordenadas por um movimento de luta por moradia (MOVIS), uma criança
olhou para mim e disse de forma imperativa: “não quero mais ficar aqui.” Ainda
era intenso o cheiro de morte no ar. Mais adiante encontrei uma jovem senhora
amamentando um recém-nascido. Muitas crianças no meio do tempo - a violência
gera contrastes inevitáveis. A delicadeza e a brutalidade estão sempre frente à frente.
Literalmente, ficaram por lá apenas os que realmente estão no desamparo. Os
excluídos de tudo. Os que sobreviveram e não poderiam fugir porque não tinham
para onde ir. Os que todo dia submetem suas vidas às balas perdidas na guerra
de uma modernidade condenada, minguando nos becos.
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quinta-feira, 14 de junho de 2012
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