Por Lau Siqueira
Somente uma forte comunhão de ideias sobre a música e sobre o mundo para sustentar um fenômeno como o Tarancón. O ano de 2012 marca os quarenta anos de estrada deste grupo que jamais abriu mão da identidade latino-americana. Desde a primeira formação com Miriam Miráh, Emílio de Angeles, Marli Pedrassa, Alice Lumi, Halter Maia, Jica Nascimento e Juan Falú, até a formação atual, com Ademar Farinha, Emilio de Angeles, Jonathan Andreoli, Jorge Miranda, Lucia Nobre, Moreno Overá, e Natalia Gularte, a pegada é a mesma. A partir do terceiro disco destacamos uma presença fundamental para a história do grupo: Sérgio Turcão. No mais, músicos jovens vão sendo incorporados e o Tarancón permanece firme com suas flautas, charangos, violas, quenas, sikus, bombo, cajón, congas, bongôs, etc.
Somente uma forte comunhão de ideias sobre a música e sobre o mundo para sustentar um fenômeno como o Tarancón. O ano de 2012 marca os quarenta anos de estrada deste grupo que jamais abriu mão da identidade latino-americana. Desde a primeira formação com Miriam Miráh, Emílio de Angeles, Marli Pedrassa, Alice Lumi, Halter Maia, Jica Nascimento e Juan Falú, até a formação atual, com Ademar Farinha, Emilio de Angeles, Jonathan Andreoli, Jorge Miranda, Lucia Nobre, Moreno Overá, e Natalia Gularte, a pegada é a mesma. A partir do terceiro disco destacamos uma presença fundamental para a história do grupo: Sérgio Turcão. No mais, músicos jovens vão sendo incorporados e o Tarancón permanece firme com suas flautas, charangos, violas, quenas, sikus, bombo, cajón, congas, bongôs, etc.
Num tempo em que a diluição domina o mercado
fonográfico o Tarancón aliou-se à poesia e à existência, numa perfeita
conjugação de tradição e modernidade. Executa até mesmo músicas dos Beatles
“sin perder la ternura jamás”. Suas raízes estão cravadas nos Andes, mas também
nos Pampas, na Caatinga, no Cerrado, nas florestas e becos de uma América que
transborda através da musicalidade do seu povo. O Tarancón nasceu no Brasil,
formado por músicos de vários países e consegue extrapolar todas as fronteiras
para manter-se íntegro, com uma capacidade ímpar de representatividade cultural
do continente latino-americano.
O eco da mais recente passagem do Tarancón
pela Paraíba ainda pulsa na memória da
cidade. No dia 30 de dezembro de 2008 o grupo levou ao delírio um
público de cerca de cinco mil pessoas, no Festival Música do Mundo promovido
pela Fundação Cultural de João Pessoa nas areias de Tambaú. Foi um momento de
êxtase estético e político. Um envolvimento raro na relação artista/plateia que
impulsionou os músicos para um arrastão, tocando no meio do público. Uma emoção
que se tornou histórica e que certamente faz parte dos bons momentos desses
quarenta anos de história. O assédio das pessoas em busca dos discos, após o
show revelou a perenidade deste rio de águas cristalinas.
O Tarancón se alimenta de uma bem definida
seiva cultural que extrapola o universo musical e adentra na paixão política
por um mundo mais justo, por uma América Latina democrática, livre das
ditaduras, constituindo seus passos numa longa caminhada, no cumprimento de um
destino onde a sede e a fome estejam apenas na lembrança de um tempo de
rebentação dos nossos sonhos. Seja através da música, da poesia que pichamos pelos
muros ou das lutas que nos arrastam para uma nova manhã de justiça e liberdade.
Aos quarenta anos e depois de viver um século o Tarancón parece estar “volvendo
a los 17”.
Texto que será publicado na minha coluna do Jornal da Paraíba, no próximo domingo.
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