Observador da cidade e suas artes, confesso que fui
fisgado pela inquietude criativa de Fred Svendsen e sua Baleia. Uma obra em
exposição permanente na Estação das Artes. Um monumento com seis toneladas de
ferro carbono dialogando com a natureza, numa fração mínima da Mata Atlântica. Signo
de um tempo em que a devastação relata os caminhos da civilização. Algo pesado flutuando
nos oceanos e refletindo um tempo onde o que prevalece é a velocidade.
Não há quem não tenha sido tragado pelo próprio olhar
diante de “A Baleia”, um monumento às
artes e à preservação das espécies. Na verdade, Fred Svendsen criou mais que
uma escultura colossal. Criou um enigma na Ponta do Cabo Branco. Um imponente portal
para a Estação das Artes. Um sinal luminoso da inquietude de um artista que
conjuga muitas linguagens na construção de um estilo singular. “A Baleia”
revela-se de forma aguda enquanto força e movimento. É, certamente, um fato
desafiador para uma obra de arte: mostrar a capacidade humana de repartir
olhares sobre a mesma matéria.
Fui buscar em Umberto Eco as soluções para o meu espanto. Compreendi então, o quanto Fred Svendsen radicalizou, operando uma viagem de extremos. Por exemplo, do expressionismo ao impressionismo. Um segredo revelado na convulsão do amarelo, com as tonalidades do ambiente. Tudo a partir do impacto das mutações da luz solar. Pela conversação com o entorno e pela prosa fácil com a condição humana. Creio que se trata do que Umberto Eco classifica de “Obra Aberta nas artes plásticas”: “um campo de possibilidades interpretativas, como configuração de estímulos dotados de uma substancial indeterminação, de maneira à induzir o fruidor a uma série de leituras sempre variáveis”. Enfim, parece que não é imperativo o desvendamento deste enigma, mas sim o seu reconhecimento. O ápice da expressão de um artista que bebe nas melhores águas da arte e noutras formas de conhecimento.
Fui buscar em Umberto Eco as soluções para o meu espanto. Compreendi então, o quanto Fred Svendsen radicalizou, operando uma viagem de extremos. Por exemplo, do expressionismo ao impressionismo. Um segredo revelado na convulsão do amarelo, com as tonalidades do ambiente. Tudo a partir do impacto das mutações da luz solar. Pela conversação com o entorno e pela prosa fácil com a condição humana. Creio que se trata do que Umberto Eco classifica de “Obra Aberta nas artes plásticas”: “um campo de possibilidades interpretativas, como configuração de estímulos dotados de uma substancial indeterminação, de maneira à induzir o fruidor a uma série de leituras sempre variáveis”. Enfim, parece que não é imperativo o desvendamento deste enigma, mas sim o seu reconhecimento. O ápice da expressão de um artista que bebe nas melhores águas da arte e noutras formas de conhecimento.
Fred Svendsen realiza uma travessia com todos os seus
acúmulos e com suas infinitas
possibilidades. Coisa de artista que passeia com maestria pela pintura,
pela escultura, pelo design outras linguagens. Consagrado pela crítica e pelo
público brasileiro, com várias incursões no exterior, Fred gestou esta obra numa conversa de pássaros.
Fosse poeta, “A Baleia” seria apresentada como suas “Obras Completas”. Eis um
monumento que parte de uma relação densa
com sua aldeia e universaliza-se aos olhos do mundo que transita no Extremo
Oriental. A Baleia é um grito e ao mesmo tempo um profundo silêncio diante de
uma falésia que se revela no que “duas vezes não se faz”, como diria Hermano
José. Sobretudo, podemos afirmar que
esta obra é um processo.
Texto a ser publicado no Jornal da Paraíba, dia 02/12/2012
Nenhum comentário:
Postar um comentário