segunda-feira, 21 de julho de 2014

O GUARDIÃO DA MEMÓRIA

por Lau Siqueira

Waldemar Bispo Duarte faleceu em 2004. Deixou um dos maiores acervos bibliográficos já vistos na Paraíba.  Entre 2006 e 2007 estive em sua residência, a convite da sua filha Teresa. Pude testemunhar, então, uma vida inteira dedicada aos livros. Na época, ocupava o cargo de diretor executivo da Fundação Cultural de João Pessoa – FUNJOPE. Planejava criar a primeira biblioteca municipal da capital juntamente com o  então secretário de Educação, Walter Galvão.  Realizamos a catalogação dos livros, mas tanto eu quanto Galvão, deixamos os cargos que ocupávamos logo após. E o projeto da Biblioteca Pública Municipal Waldemar Duarte não prosperou. Percebi já naquela época o quanto a herança de Waldemar Duarte  é importante  para formação do povo paraibano.

Nascido no município paraibano de Uiraúna, no dia 23 de julho de 1923, Waldemar foi escritor e jornalista. Membro da Academia Paraibana de Letras e uma referência fundamental na preservação da memória histórica da Paraíba.  Cursou  Contabilidade, Direito e Biblioteconomia tendo sido o primeiro bibliotecário formado do Estado. Todavia, uma infinidade de motivos não descritos aqui nos levam a buscar a biografia de Waldemar Duarte, resgatando a importância das suas pesquisas e do seu legado para a compreensão da Paraíba dos dias de hoje e dos dias que ainda virão.

Ele foi o idealizador e o criador de um dos mais delicados e preciosos equipamentos do Espaço Cultural José Lins do Rego.  Falo do Arquivo Histórico inaugurado em 1987, pelo então governador Tarcísio de Miranda Burity.   Uma preciosidade que conta com documentos do período colonial, do império e da república. Um local onde se pode buscar a história da demarcação de terras na Paraíba, por exemplo.  O arquivo histórico guarda também o acervo de Walfredo Rodrigues, com algumas fotos do final do século XIX. Um olhar atento sobre o tempo nos primeiros passos da capital da Paraíba.


O Espaço Cultural guarda esse tesouro entre tantos outros. Dentro dele, a própria memória de Waldemar Duarte e sua importância para a cultura do Estado. Infelizmente, dentro de um equipamento de cultura como o Espaço Cultural, onde historicamente o espetáculo sobrepõe-se à pesquisa e a troca de saberes. O Arquivo Histórico nem sempre teve a melhor atenção dos gestores e usuários. Conta-se que parte do acervo desapareceu. Levado como suvenir. É irreparável o prejuízo para a história brasileira esse descuido com um espaço que guarda, inclusive, cartas de Dom Pedro I. Objeto das nossas atenções, o Arquivo Histórico guardou-se da poeira durante a primeira grande reforma da sua “nave mãe”. Retornará, entretanto, como um dos recantos mais nobres do Espaço Cultural. 

texto publicado no Jornal A União do dia 19.07.2014.

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