quarta-feira, 29 de outubro de 2014

O DAY AFTER DAS ELEIÇÕES 2014

Por Lau Siqueira


Participação popular  ainda é um aprendizado para a sociedade brasileira. Alguns setores até preferem que isso nem exista.  Mas, podemos dizer que a jovem e frágil democracia brasileira não é mais revelada pela dita liberdade de imprensa. A maioria dos jornais já não pratica o velho e bom jornalismo. São órgãos a serviço de interesses políticos ou econômicos, apenas. O que mede o grau de convivência democrática da sociedade brasileira hoje e, certamente da sociedade mundial, são as redes sociais. É o lugar onde cada cidadão e cidadã expressa livremente sua indignação, seus desejos, mas também seus preconceitos. O amor e o ódio transbordam em um português nem sempre muito polido.

Nessas últimas eleições as redes sociais foram o principal instrumento de expressão de grande parte da população. As preferências e as formas de repúdio aos seus contrários estiveram pipocando até o desaguadouro das urnas. Não que isso não esteja no cotidiano dos usuários da rede. Todavia, inegavelmente, no período pré-eleitoral tudo foi mais intenso. Os desejos individuais se tornaram mais claros e as opções passaram de democráticas a impositivas. Os excessos aconteceram de lado a lado. A sociedade brasileira se mostrou claramente dividida entre duas forças antagônicas e os próximos dias, certamente, não serão assim tão tranquilos.

Toda sorte de barbaridades foi proferida. Por exemplo, que Lula dividiu a sociedade brasileira entre ricos e pobres. Ou seja, Lula inventou a luta de classes. Coisa que seria risível se não fosse trágico. O olhar sobre a corrupção se tornou agudo. O que é positivo, mas lamentável por ter sido um olhar única e exclusivamente direcionado ao governo petista que, na verdade é um governo de composição com partidos tradicionais. Esqueceram os escândalos impunes da era PSDB, da era Collor e Sarney ou mesmo no império do silêncio do regime militar, quando o Brasil era conhecido no exterior como o país dos 10%.


Amizades foram desfeitas. Aconteceram brigas entre familiares. A dicotomia entre o bem e o mal, o amor e o ódio, a competência e a incompetência deram o tom do debate no Facebook. As emoções afloraram diante de uma razão cada vez mais frágil. Enfim, as redes sociais cumpriram um papel determinante não apenas para definir os resultados finais, mas para diagnosticar o momento atual da sociedade brasileira. A intolerância foi o destaque preocupante num pleito marcado pela tragédia que ceifou a vida de Eduardo Campos. Mas, o que assustou mesmo foi o tom fascista e o poder de influência que ainda exercem veículos de comunicação visceralmente comprometidos com o retrocesso social e político do Brasil e do mundo.



Artigo que será publicado na página 2 do Jornal A União do dia 31 de outubro de 2014.

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