Por Lau Siqueira
Quem conviveu
minimamente com João Balula (João
Silva de Carvalho Filho) militante de tantas causas sociais e culturais, guarda
memórias de muito afeto. Não há quem possa falar do Carnaval Tradição de João
Pessoa, da Federação Paraibana de Teatro Amador, do Movimento Negro, do
Candomblé, da Lei Viva Cultura e de tanto legado coletivo sem que o nome de João
Balula seja lembrado. Era o Príncipe Negro, elegante, inteligente e sincero que
habitou o popular bairro da Torre e acampou por muito tempo no, infelizmente
extinto, Teatro Cilaio Ribeiro. Em 2008, Balula refez suas rotas e foi morar
com os Orixás. Faleceu precocemente, aos 48 anos. Mas deixou um legado que não
pode ser esquecido.
Não há no estado da Paraíba quem possa discutir o teatro amador, por
exemplo, sem que o nome de João Balula seja lembrado. Era o articulador de tudo
que pudesse dizer respeito às movimentações nesta área. Seja no bairro
Valentina de Figueiredo, seja no Alto Sertão, em Sousa ou Nazarezinho, em
Cajazeiras ou Pombal. Ele sabia se espraiar pelo mundo e plantar boas sementes.
Nas culturas populares não havia quem melhor circulasse. Era a principal âncora
da Escola de Samba Malandros do Morro onde circulava com galhardia e sabia como
ninguém explicar a existência de um “morro invisível” na Torre. Orientava os
mestres das Tribos Carnavalescas, protegia, oferecia seus préstimos
permanentemente. Sua passagem pelo mundo foi marcada pela generosidade.
No Movimento Negro surgia como uma liderança natural e incontestável.
Sabia comportar-se diante da igualdade que exigia do mundo. Anarquista
convicto, jamais se filou a partido
algum. No entanto suas ideias libertárias eram a base da sua existência.
Pouco importava estar diante de um Juiz ou de um morador de rua. Balula
comportava-se exatamente da mesma forma e tratava todo mundo com o mais
profundo respeito. Sabia tudo sobre o Carnaval Tradição. Ia para a disputa e
brigava pela Malandro, mas era amado e
admirado pelas escolas concorrentes, pelas Tribos Carnavalescas, pelas
Orquestras de Frevo. Balula era a própria personificação do Carnaval pessoense.
Funcionário da Fundação Cultural de João Pessoa – FUNJOPE, jamais ocupou
cargo de relevância. Mas, para os movimentos culturais da Paraíba ele era a
própria FUJOPE. Não o presidente, mas o Príncipe Negro que a todos recebia e
atendia. Foi embora cedo demais deste mundo. Mas, tornou-se imortal na memória
do seu povo. Permanece entre nós. Virou nome de Anfiteatro na praça do conjunto
Cidade Verde, em Mangabeira. Todavia, merece estátua em praça pública. Merece
ter sua memória preservada e suas ideias sobre difundidas pelos quatro cantos do
mundo.
texto que será publicado amanhã no Jornal A União.
texto que será publicado amanhã no Jornal A União.
Um comentário:
Que bela homenagem ao Balula.Nao cheguei a conhecer ao Joao Balula, mas somente lendo esse texto ja virei admirador.Mas pelo que li,ele cumpriu uma bela jornada nesta vida.
Parabens Lau.
Massuelos Siqueira Campos
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