Por Lau Siqueira
A notícia sobre o
assassinato do ator e diretor de teatro Marcos Pinto veio na última terça-feira,
em pleno Café em Verso e Prosa. A atriz e amiga Suzy Lopes revelou o triste
fato. Pessoa muito querida no meio artístico e um dos profissionais mais
dedicados e competentes que já conheci. Marquinhos não deixava espaço para
falhas. Suas produções eram muito bem cuidadas. Gostava de ver a forma como se
comportava. Era exigente e focado. Fora do trabalho, uma pessoa muito descontraída
e carinhosa. A notícia da sua morte chegou fervendo nos meios culturais. A dor
se mistura com a revolta. Basicamente nem é revolta contra o assassino. Um
pobre diabo que se perdeu do destino. A revolta é contra a banalização da vida
que a homofobia revela mesmo nas piadas consideradas “inocentes” e que de
inocentes não tem nada.
Nossa sociedade
homofóbica, machista e racista contabiliza mortes e mais mortes. Todavia parece
que, finalmente, começa a acordar e criminalizar atitudes e ações
discriminatórias. Mas, ainda é muito pouco. A impunidade é enorme. A homofobia
transborda em programas de grande audiência e isso vai formatando um sentimento
perverso em algumas pessoas. É como se assassinar gays, lésbicas, transexuais
não fosse gerar culpa. Porque também as igrejas se mostram homofóbicas. Mesmo
com tantos padres e pastores de tendência homoafetiva. A mídia escancara e
banaliza os fatores humanos fora dos padrões que julga e impõe como normais.
Isso tudo faz com que um ser qualquer, sombrio, sem amor, movido pelos sentimentos
mais sórdidos, possa a vitimar pessoas decentes e dignas como o ator e diretor
Marcos Pinto.
A comunidade artística
da Paraíba nem bem se recuperou ainda do crime que tirou do nosso convívio o
Palhaço Pirulito (Ismar). Também uma pessoa querida, artista competente e que,
tal como Marquinhos, ainda faz uma falta enorme não apenas aos seus amigos
e familiares. Mas aos palcos da Paraíba.
O assombroso disso tudo é que a morte por homofobia foi um dos temas abordados
no Sarau da última terça, no Empório Café. Ismar foi lembrado e no final foi
revelada publicamente mais esta má notícia. Marquinhos era assíduo no Café em
Verso e Prosa. Nas redes sociais a tristeza com mais esta brutalidade contra um
ser humano tão ímpar, tomou conta da Paraíba. Na verdade, sabemos que a revolta
já não basta. O assassino precisa ser preso. Mas, sobretudo, homofobia precisa
ser contida na mídia e na sociedade. A afetividade é uma opção, um direito
humano. Não pode ser banalizada por uma sociedade que esconde suas crueldades
no silêncio mais perverso. Marquinhos fará muita falta. Nos palcos e na vida.
Publicado no Jornal A União.
Publicado no Jornal A União.
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