Por Lau Siqueira
A Paraíba vive uma conjuntura cultural interessante.
Temos produções poderosas em todas as linguagens. Alguns espetáculos paraibanos
brilhariam em qualquer palco do mundo. Basta citar o Grupo Ser Tão Teatro e a
Paralelo Cia. De Dança. Na música não é diferente. O fenômeno Lucy Alves não
surpreende. São inúmeros artistas em todas as áreas mostrando que a história da
Paraíba não escapa a uma boa prosa, uma mesa de glosa... Ou mesmo poesia, do
haicai ao repente. A verdade é que alguns artistas paraibanos estão na alça de
mira da cadeia produtiva da cultura brasileira.
“Seu Pereira e Coletivo 401” é um bom exemplo. A
banda têm ocupado espaços importantes na vida cultural da Paraíba. Já acumulou bagagem suficiente para romper
fronteiras e se espalhar por aí. Composições cuidadosas, melodias bem trabalhadas,
arranjos bem elaborados e muito carisma. Este é o carimbo dos caras. Eles
conseguem convergir dentro da diversidade das linguagens musicais. Escancaram a
mais densa das baladas na pulsação das batidas mais pesadas. Do afro ao rock,
sem retoques. A verdade é que encontraram a fórmula de um trabalho que por
diversas qualidades vem conquistando um público cada vez mais fiel. ‘Seu Pereira’
aprendeu a ocupar espaços de diversas formas no cotidiano da cidade. Por
exemplo, em batidas do coco-de-roda ou embolada. Uma ‘mistureba’ saudável com
resultado da melhor qualidade. Seu Pereira e Coletivo 401 é biscoito fino da
Paraíba para a cultura brasileira. Como é Mariana Aydar, Tulipa Ruiz, Criolo, Lenine, Chico Cesar, Nei
Lisboa e tantos e tantas.
O compositor e cantor, Jonathas Falcão mostra a
força da sua poesia carregando as melodias com a sabedoria de uma formiga que
carrega uma folha no vento. Cirandando em cada passo, desnudando caminhos onde
as dores e os prazeres humanos estão vestidos de poesia e música. Isso faz a cabeça de muita gente. O poeta
canta em linha direta com as cordas vibrantes da imaginação. Vai conjugando
palavra e melodia com tamanha harmonia que na primeira audição a sedução é
certeira. Ninguém passa impune pelas belas composições de Seu Pereira e
Coletivo 401. Um grupo que vai traçando caminhos seguros dentro da música brasileira.
O disco é impecável. O show é muito profissional. Os músicos são da melhor
safra e Falcão solta a voz, cumprindo o seu destino de pássaro. Claro que
ninguém pode prenunciar nada. Mas, sinto que estão prontos. Prontos, mas em
permanente ebulição. Cientes do contexto especial que vivem numa região que já deu contribuições
fantásticas à cultura do nosso País. Não esperam por nada nem por ninguém. Eles
sabem muito bem “que a vida não se resume em festivais”, como disse Vandré.
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