domingo, 30 de maio de 2010
Pela descriminalização da infância e da juventude na Cidade das Acácias!
Na última semana de maio a cidade de São Luiz (MA) sediou o primeiro encontro regional para integração SUAS* /SINASE*. O evento tratou da municipalização das medidas sócio-educativas em meio aberto. Uma das palestrantes resgatou da mitologia um exemplo de punição educativa. O deus Apolo, símbolo da beleza, da juventude e da luz, uma das doze divindades do Olimpo, fruto da união de Zeus com Leto, amparou os signos da esperança propositiva no discurso da palestrante. Apolo, entre outros atos não menos desabonadores matou a flechadas um bando de Cicoples (personagens com um olho único, na testa) enviados por Zeus. Como punição, foi expulso do Olimpo e veio exilado para a Terra. Cumpriu sua pena trabalhando como pastor de rebanhos. O aprendizado da mortalidade transformou radicalmente o jovem Apolo. Os ensinamentos da punição educativa mostraram novos caminhos e Apolo descobriu que poderia determinar os dias, as noites e as estações do ano. Passou a ser conhecido, então, como o Senhor das Colheitas.
Apesar da forte simbologia mitológica aqui resumida, nossas reflexões partirão de outro tipo de Olimpo. Um lugar onde Zeus foi esquecido e o modo de organização das divindades vem gerando Apolos subnutridos, crescendo nos chamados aglomerados subnormais. Muito especialmente em cidades onde a riqueza de uns poucos ilumina avenidas e constrói suntuosidades arquitetônicas. Na bela, moderna e histórica São Luiz do Maranhão, onde a Governadora Roseana Sarney anunciou o investimento de vinte milhões de reais para os festejos juninos, os palafitas ainda cortam de sangue o olhar indignado dos que lutam pela partilha das colheitas de Apolo. Enquanto a modernidade ergue seus monumentos, pequenos deuses e deusas saem para as ruas das cidades brasileiras buscando conquistar o direito de viver mais um dia. Seja limpando os fumês de um Vitara no semáforo, suplicando caridade pelas esquinas, ou praticando os pequenos (e imensos) delitos que sobraram como opção para uma iniciativa autônoma de sobrevivência no Olimpo capitalista.
No momento que se inicia a municipalização das medidas sócio-educativas em meio aberto na cidade de João Pessoa, as reflexões que busco resumir neste breve artigo apontam para o fato de estarmos implantando uma política pública numa sociedade de desigualdades criminosas. Em tempos de disputa eleitoral - onde os escrúpulos geralmente escasseiam - jamais poderemos confundir ou minimizar as nossas responsabilidades que devem ser, obviamente, repartidas. A municipalização dos serviços, pois, não pode ser impunemente tratada como uma desova de obrigações. Os três níveis de governo e a sociedade têm atribuições intransferíveis na sua condução. Não existem modelos ou cartilhas. No máximo, alguns poucos exemplos dignos de atenção para uma imprescindível troca de saberes. As experiências bem sucedidas nos revelam a necessária delicadeza de estabelecermos um debate sincero acerca da parte que nos cabe neste latifúndio. No caso da Paraíba (e de outros Estados) convivemos com a mais soberba alienação do Governo Estadual quanto as suas atribuições tão claramente estabelecidas na Lei Orgânica da Assistência Social. Não apenas em relação às medidas, mas quanto à Política Nacional de Assistência Social como um todo. Da mesma forma, convivemos com uma profunda conivência do Ministério Público Estadual quanto a este fato que é, sem qualquer dúvida, determinante para o sucesso ou fracasso das políticas públicas.
O fator cultural também deve ser compreendido como determinante até mesmo para a transformação do comportamento de determinados agentes da área social. A primeira experiência brasileira de “acolhimento” data de 1551, quando os jesuítas fundaram a primeira casa de recolhimento de crianças. O objetivo era “afastar as crianças negras e índias da má influência dos pais”. Portanto, partimos de uma herança nefasta que evoluiu por caminhos nada animadores e que desaguaram na estupidez do modelo desumano da FEBEM. Uma radical mudança de paradigma é, portanto, o que está em pauta. Não podemos esquecer que os jovens infratores da classe média e da burguesia passam ao largo das políticas públicas aqui tratadas. Acabam absorvidos pela imperativa hipocrisia social e, no mais das vezes - celebrando a impunidade -, acabam retornando à cena na idade adulta, em relevantes cargos públicos. Portanto, que fique claro: estamos implantando uma política pública que traz como cenário um profundo e covarde preconceito de classe. As medidas sócio-educativas em meio aberto estabelecidas pelo SUAS/SINASE não podem ter sua aplicação dissociada de uma reflexão acerca da profunda desigualdade social. Não podemos incorrer no erro de pensar essas medidas tão somente na perspectiva de contenção dos ímpetos e conflitos dos meninos e meninas da periferia, sem qualquer reflexão acerca da violência à qual são submetidos desde quando nascem, desprotegidos de tudo. Portanto, não há como não tratarmos do assunto de forma articulada com as demais políticas públicas que tem na justiça o princípio fundamental. Isso, não se espantem, é fundamento ideológico neste início de milênio. É necessário que este aspecto também seja levado em consideração pelos demais componentes da rede de proteção deste imenso trapézio que cerca o interesse público.
Os processos de reeducação, portanto, não irão surtir efeito se não oferecermos perspectivas, se não nos pautarmos pela universalização dos direitos de cidadania. Seja no âmbito das políticas habitacionais, das políticas de saúde, de cultura e de educação mais especificamente. De cultura? Sim, porque estamos tratando aqui, fundamentalmente, da necessária mudança de mentalidades. Este é o papel da transversalidade de uma política pública de cultura transformadora. Comecemos pela capacidade de reflexão dos profissionais da área, pelo comprometimento dos gestores e dos demais agentes públicos, pelo envolvimento dos movimentos no controle social e pela responsabilização das grandes corporações, passando pela mudança de hábito da mídia, com sua racionalidade apontada para o lucro imediato das imagens e das palavras. Afora isso, sobram os riscos do principal contraponto que é a zona de sombra do fascismo propondo a redução da maioridade penal como solução matemágica. A história nos mostra com muitas evidências que os confinamentos já experimentados não passam de uma espécie de industrialização em massa do crime. Ou seja: a sociedade dos porcos ainda se arriscará continuar chafurdando na lama para camuflar suas responsabilidades. Estranho que esse debate ainda esteja vivo num tempo em que o crime organizado transformou os presídios em privilegiados núcleos concentrados de operação. Esperamos um pouco mais do mundo. Por isso seguimos em frente, referenciados no que ainda virá, mas que possui enraizamentos inconfundíveis na luta e no pensamento de quem pretende ir muito além dos códigos abertos do conhecimento e de comemorações carnavalizadas da tragédia social que vivemos.
*SUAS – Sistema Único da Assistência Social
SINASE – Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo
sábado, 22 de maio de 2010
A angústia do mundo numa bolha de sabão.
Lau Siqueira
domingo, 9 de maio de 2010
As representações sociais da decadência e a resistência cultural na Cidade das Acácias
"É preciso estar atento e forte. Não temos tempo de temer a morte." (Caetano Veloso)
quarta-feira, 14 de abril de 2010
O mercado do livro e o silêncio das gerações
Em 2007 foi realizada a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, coordenada pelo Professor Galeno Amorim. Os resultados foram surpreendentes. Por exemplo, o escritor mais lido no Brasil é Monteiro Lobato e não Paulo Coelho. Entre os 30 mais lidos, encontramos Drummond, Raquel de Queiroz, Guimarães Rosa, Mário Quintana, Machado de Assis. Em suma, o melhor time da história da Literatura Brasileira. A Poesia chega a impressionar porque ocupa o terceiro lugar no ranking dos gêneros mais lidos e emplaca o poeta Vinícius de Moraes no quinto lugar entre os autores, de todos os gêneros, mais lidos. Em algumas regiões, como a região do Pajeú, em Pernambuco, a Poesia é o gênero de maior penetração. Logicamente que encantando com seus segmentos mais populares como o cordel e a cantoria de viola.
Ocorre que o mercado não responde no mesmo tom. Basta verificar as vitrines das livrarias e, pior, suas prateleiras. Na última sexta-feira, dia 9 de abril, estive em Brasília participando de uma atividade de trabalho e na hora do almoço procurei o shopping mais próximos para não ser esquartejado pelos preços do restaurante do hotel. Entre as lojas, havia uma filial (ou franquia, não sei) da Livraria Saraiva. Fiquei parado diante da vitrine, impressionado exatamente com o contraste em relação à pesquisa do Professor Galeno. Muitos livros sobre Chico Xavier, livros com títulos bisonhos que sequer busco na memória para uma citação neste momento e alguns best sellers, tipo Sidney Sheldon. Na vitrine inteira, um único título de Gilberto Freire. Não difere, aliás, das demais vitrines letais para a boa literatura.
Dentro da loja me senti ainda mais desconfortável. Na estante de literatura estrangeira, o espaço concedido para a poesia internacional não passava de um palmo. Do outro lado, a poesia brasileira recebia o mesmo espaço. Somente os monstros sagrados tipo Fernando Pessoa e Carlos Drummond, para me deter na nossa pátria nossa língua, interbrasileira. No mais, os livros técnicos que toda livraria possui e um lixo insuportável. No canto, com decoração atrativa para as crianças, livros infantis a peso de ouro. Uns razoáveis outros intragáveis para o menino que ainda sou. No entanto, uma isca poderosa para o consumo dos pequenos e das pequenas.
Fico impressionado com os rumos que vem tomando o mercado do livro no Brasil. Um mercado, diga-se de pronto, com uma lucratividade crescente, com números que impressionam. Muitos livros que não podemos crer que sejam recomendáveis. Na verdade, a grande maioria. Mas, o que mais impressiona é que as grandes feiras e as bienais também apontam para esta tendência. Lembro que em 2008 estive na Bienal de Fortaleza e fiquei desanimado com a quantidade de lixo espalhado nos stands. Também ano passado, na Feira do Livro de Porto Alegre, notei que o gigantismo da feira obedecia a mesma lógica. A Feira do Livro já não era a mesma de 25 ou 30 anos atrás, quando se encontrava Proust, nos balaios, a preço de bananas, em edições da lendária Editora Globo, com tradução de Mário Quintana.
O meu espanto gerou um artigo que acabou sendo contestado por alguns professores e professoras de Porto Alegre. Eles confundiram o meu espanto com o gigantismo da Feira, com alguma atrocidade contra uma cidade que me abrigou por muitos anos e com a qual ainda hoje mantenho um caso de amor. Os debates nos comentários do “Pele Sem Pele” acabaram desvirtuados, infelizmente. Pouco se refletiu sobre o que eu realmente disse, preocupado com o impacto da Feira do Livro na vida cultural e na formação cidadã da população da capital dos pampas. Confio nas palavras de Roland Barthes quando afirma que “a literatura contém muitos saberes” e justifico meus argumentos quando vou discutir políticas de leitura. Afinal, um bom romance, muitas vezes, traz um conteúdo antropológico, geográfico, histórico, ético. É tanto conhecimento contido em certas obras que me ponho a pensar o que gera nas pessoas a leitura de uma Zibia Gasparetto, por exemplo.
Não consigo calar sobre o que parece uma degeneração influenciando gerações inteiras. Afinal, creio que da mesma forma que a leitura de um Alejo Carpentier, um Jorge Luiz Borges, um João Gilberto Noll enriquece a alma leitora, não é possível que títulos como “Casais que enriquecem juntos” não sejam concebidos apenas para difundir a Lei de Gerson, num refrão ideológico dos piores dias da ditadura militar. “É preciso levar vantagem em tudo, certo?” Um atentado ético que me faz pensar se, realmente, a ditadura realmente acabou. Claro que não! Vivemos hoje a ditadura do mercado. No caso do livro, principalmente porque são raras as livrarias que tratam os autores como seres humanos. Muito especialmente os independentes que deixam lá seus livros em consignação. Lembro do poeta Chacal dizendo que deixava seus livros nas livrarias e depois “era recebido à dentadas pelo livreiro”.
Infelizmente a maioria dos escritores odeia discutir esse tema. Mesmo assim, todos tentam sobreviver aos apelos da eternidade, publicando na maioria das vezes com enorme sacrifício e, praticamente, sem muito resultado do ponto de vista da reparação dos custos. Mas, acho que já começa a se fazer sentir uma mudança de atitude. O escritor, no mais das vezes, gosta de se esconder na pele do intelectual. São raros os que se assumem profissionalmente como tal. A maioria é jornalista, professor universitário, tradutor, etc. Lembro uma vez iriam publicar poemas meus em uma revista e eu assinei apenas como poeta. A pessoa responsável pela edição me perguntava: “Mas, apenas poeta?” E eu respondia: “E você acha pouco?”
A brincadeira guarda um punhado de verdades ocultas e alguma mudança no final do túnel. Por esses dias, a AGES – Associação Gaúcha de Escritores estará discutindo a profissão do escritor. Refletindo sobre os entraves do mercado para o escritor gaúcho contemporâneo. Guerreiros como, o poeta Ademir Assunção, exigem que as políticas públicas para o livro contemplem também o escritor. Mas, parece que isso ainda não comove muito o poder público e, principalmente, os dragões do mercado que declaram desespero ao constatar queda nas vendas de um ano para o outro, sem divulgar o quanto engordam suas contas independentemente das lamúrias dos caras e das minas que habitam o ponto de partida da cadeia produtiva do livro. Parece mais que o empenho dos gigantes do mercado do livro é destruir de forma acelerada a Amazônia, derrubando árvores raras para publicar livros de conteúdo ralo.
Esse, entretanto, é um assunto do qual não podemos abdicar. Principalmente, porque muitos escritores não conseguem ainda pensar no fato da cidadania do escritor enquanto um profissional que gera economia, mesmo quando publica isoladamente e não vende um único livro. Afinal, seu esforço e suas economias geraram um investimento que irá, pelo menos, salvaguardar do abismo e do desemprego os funcionários da gráfica. Portanto, diante do apogeu do livro (e não da literatura) enquanto objeto de consumo, se faz sim necessário que escritores e bons leitores reflitam sobre o lixo do mercado e as suas implicações sobre a evolução do pensamento contemporâneo. É hora de reagir, de pensar coletivamente sobre o fator leitura/mercado. Antes que sejamos alijados da história da humanidade por tamanha inanição, por permitirmos que a gula da mediocridade resolva os desejos das novas gerações de acomodados.
terça-feira, 6 de abril de 2010
Que a Paixão nos Oriente. (Uma breve leitura do espetáculo A Paixão da Sagrada Família)

Lau Siqueira
quinta-feira, 1 de abril de 2010
Pensando sobre estética e ética em frente ao túmulo de Virgínius da Gama e Melo.
segunda-feira, 14 de dezembro de 2009
Flávia Muniz - o canto além da voz.
por Lau Siqueira
A Literatura Brasileira nos remete aos tempos infinitos. Tempos que não começam nem terminam num código estabelecido. Aliás, toda boa literatura é atemporal, como sabemos. Talvez daí venha a minha parcial discordância com a necessidade de catalogação dos escritores, por geração. Há que se perceber a literatura como um rio e seus afluentes. Por isso, não quero analisar este primeiro livro de Flávia Muniz, à luz da já denominada Literatura 00. Ou seja, a literatura que começa a despontar no século XXI. Exatamente porque não creio que as Teorias da Literatura funcionem como um tipo de autópsia do texto. Por um bom motivo: não se faz autópsia de organismo vivo. E a Literatura é um organismo vivo, antes e depois da escrita.
Cantora e compositora de boa cepa, transitando com personalidade na Música Brasileira Contemporânea, Flávia realiza a metalurgia dos seus textos numa poesia que poderia muito bem ser revertida ao estado de miniconto. Segundo o escritor gaúcho José Eduardo Degrazia, as prosas de Baudelaire representam o eixo fundamental na teoria do miniconto. Ao contrário do que pensam alguns, miniconto não tem limite de frases ou mesmo parágrafos. Pode ter uma única frase ou uma lauda. Flávia sabe muito bem em que terrenos da linguagem está circulando. Sabe ainda do mundo onde mergulha suas emoções mais densas, mais afeitas aos impactos naturais da palavra. Sabe que na literatura como na vida o direito à escolha é determinante e, algumas vezes, fatal. Das melhores palavras nem sempre se extrai os melhores caminhos. Por isso, Flávia vai conjugando uma literatura que dialoga cenicamente, plasticamente e musicalmente, com a palavra.
Seu texto desponta carregado de significado. Denso que só uma estrela no céu de dezembro. Vai despertando assim para as leituras mais atentas, ávidas por novas descobertas. Um trabalho de muitas artesanias e acostumado a beber nas melhores fontes. Sejam elas contemporâneas ou clássicas. Temos aqui uma literatura que não se contém diante das distâncias e passa a cumprir uma estética de adensamento do vazio existente entre os diversos pólos criativos da mente. Enfim, um texto de leitura agradável e ritmo instigado. Como se o “maculelê” do verso ousasse a batida do eixo, no itinerário da imagem que se cria a partir dele. Flávia Muniz desafia paradigmas e estabelece, também, a sua própria teoria a partir de uma prática que se mostra nas suas escolhas para a construção do texto.
Definitivamente, esta escritora não sofre do mal que Antônio Cândido chama de “ilusão antropocêntrica”. Seus textos esmiúçam a condição humana, trafegando da filosofia à poesia, do masculino ao feminino. No emocional e no racional. Tudo está contido na expressão do significado e da forma de organizar as palavras. Ela se reconhece múltipla e multiplica suas possibilidades ao demonstrar o que isso significa enquanto foco natural de uma narrativa. Quer um exemplo? Veja este fragmento: “Desvendando os mistérios do homem que sou, procuro manter-me quieto. Sou fotógrafo de almas. Observo humanos: esquinas de gente e olhar de gente. Mão e antebraço antes mesmo de nomes. Solidariedade: meu lugar de palavra e oração. Ajoelho-me no sal da Terra.” (ESCRITOS ESPIRAIS NA ROTA DO AMANHECER, II). Essa noção de espaço deu à Flávia uma definição de que as literaturas são o que as solfeja.
Portanto, eis uma literatura que reconhece, mas não se curva aos cânones. Tem autonomia e proclama seus próprios rumos elaborando frases curtas, de forte impacto acústico e ritmo acelerado. Bebe em Borges (com certeza) certo telurismo fantástico, absolutamente urbano e futurista. Ela nos chega num momento em que as mídias tradicionais estabelecem uma luta corporal, de vida ou morte com a cibercultura, tornando-se parte dela. “No século XXI, todo texto se torna um arquivo virtual”, nos diz N. kathetrine Hayles, em “Literatura Eletrônica – Novos Horizontes para o literário” (UPF Editora). Ela faz parte de uma geração que estabeleceu um novo tipo de relação com o saber em qualquer setor da vida racional ou transracional. Algo atemporal e ao mesmo tempo, enraizado num ponto equidistante entre o passado e o futuro. Um bom exemplo do quanto os jovens escritores e escritoras brasileiras estão construindo a memória de uma literatura que revela nomes expressivos, mas jamais demonstrou sinais de falência.
“Para morder estrelas deve-se espanar a poeira do peito e afiar os dentes em pedras de amolar facas. Andarilhos das noites, descalçamos o chão dos céus. O sol é maior que a Terra. O infinito é maior que o sol. Os humanos carregam pequenas certezas. A dor hermana e funde o núcleo do ser – ele espreguiça.” O livro de Flávia Muniz, Vilarejo – pergaminho do fogo, revela uma escritora que soube estabelecer-se entre o delírio criativo e a ciência de compor um texto de reconhecida substância literária. Estamos diante de uma leitura que poderá ser realizada com todos os olhares que determinam a nossa condição de gente. Uma literatura que esmurra o comodismo de repetir fórmulas prontas, buscando consolidar-se nos próprios e múltiplos rumos.
(Prefácio do livro Vilarejo - pergaminhos do fogo, da escritora, cantora e compositora carioca Flávia Muniz)
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